Há algum tempo, deixei de somente ler os questionamentos e previsões sobre a geração Y e passei a alinhar o que vivemos na prática com que é dito e observado sobre a nossa geração. Uma busca por um entendimento e desenvolvimento pessoal diante de todas as informações que chegam até os nossos olhos.
Hoje, tomei a liberdade de comentar o post ‘A Geração Y quer crescer’ do Blog do Management da Revista Exame, e gostaria de compartilhá-lo. Na verdade os comentários tornaram-se complementos do que foi abordado no texto.
A Geração Y quer crescer, se desenvolver, compartilhar experiências e evoluir a cada dia, a cada atividade, a cada oportunidade.
Muito tem se falado sobre as expectativas da geração Y. Porém acompanho diariamente a preocupação de administradores, gestores e demais profissionais na busca do entendimento sobre a geração Y. Contudo, dificilmente encontro artigos e posicionamentos dessa geração em relação as gerações que hoje estão na liderança. Seria esta escassez, um reflexo de posicionamento de uma geração que apenas quer viver de forma mais humana sem tantos padrões e teorias?
Gestores e pais ficam angustiados vendo seus esforços alcançarem poucos resultados favoráveis na gestão de suas equipes e na orientação de seu filhos de como se desenvolverem diante de tantas influências tecnológicas disponíveis, mudança de valores, e tantos rótulos para suas respectivas gerações.
Enquanto isso, encontramos os jovens literalmente lutando por experiências e desafios que possam dar significado para toda qualificação que receberam durante a vida. Já não nos basta uma faculdade, já não nos basta uma experiência de voluntariado, uma certificação, uma especialização. Cada vez mais estamos enumerando experiências para provar o quanto antes a nossa capacidade em liderar, o poder de decisão que podemos ter diante de um projeto, os quão flexíveis e inovadores somos e o quanto podemos aprender e re-aprender em muito menos tempo do que os nossos experientes e engessados líderes.
O cenário é complexo e o ambiente atual é de extrema competição e conflito, onde observamos atitudes radicais de todos os participantes deste jogo. De um lado profissionais com a experiência,o histórico de mercado e um grau de apoderamento sobre os que estão do outro lado, vivendo a cada segundo as últimas tecnologias, inovações, redes colaboração e aprendizado contínuo.
De um lado estão as pessoas de gerações mais tradicionais, como a Baby Boomers e X, acreditando que ainda estão no comando do jogo e portanto, em condições de estabelecer as regras e os resultados. Do outro lado, vemos a geração Y e a cada vez mais presente, geração Z, impondo seu estilo de vida, fazendo uso de sua incontestável vantagem no uso da tecnologia. O maior desafio deste cenário está em criar condições para os jovens assumirem seu lugar no mundo, principalmente no ambiente de trabalho. Porém são poucas as empresas que estão efetivamente oferecendo ambientes de trabalho que proporcionem oportunidades de liderança e reconhecimento dos jovens talentos. Muitas ainda estão investindo suas energias e recursos no “adestramento” de emoções de seus jovens funcionários e assim impactando na frustração profissional que vem intrínseca neste abster de senso critico cultivado por algumas empresas.
Empresas e gestores de RH estão percebendo que os instrumentos clássicos de motivação como aumentos de salários, bônus e carreiras estruturadas já não atingem tanto estes jovens. Uma vez que, o que move esta nova geração são os desafios e reconhecimento por metas e entregas realizadas.
Para obterem o engajamento com os objetivos da empresa, os gestores estão precisando desenvolver um ambiente mais lúdico, com roupas casuais, muita tecnologia e oportunidades sociais que misturam as linhas entre trabalho e lazer. O que reflete um sentimento que vem se proliferando cada vez mais nas novas gerações “Quando não soubermos mais distinguir o que é lazer e trabalho saberemos que estamos no caminho no certo.”
Isso não é fácil para uma geração de gestores que se desenvolveu sob o lema “primeiro o dever, depois o lazer”. Hoje trabalhamos e buscamos o que gostamos e não apenas o que nos remunera.
Conversando com um executivo recentemente fui questionado: “Se são tantos problemas com esta geração, porque nós devemos nos importar? “A resposta mais franca e pragmática que puder oferecer é que, a geração Y representará mais das metade da força de trabalho nos próximos anos, por isso é inevitável que aprendamos a lidar com estes novos profissionais.
Isso não significa que a Geração Y é infalível e superpoderosa. Isso significa que assim como todo jovem profissional temos muito o que aprender, mas são necessárias oportunidades.
Eles caminham diariamente para seus cursos e faculdades, buscando incessantemente uma qualificação adicional que possam colocá-los em condições de vantagem diante do quadro de hiper-competição. Se antes nós concorríamos com alguém com um grau de instrução mais elevado, agora concorremos com: competências, experiência, engajamento em projetos voluntários, indicações de outros profissionais, reputação na internet, colaboração….
Na realidade, estes jovens ainda estão começando os desafios de sua vida e precisam urgentemente de experiências que permitam seu crescimento. Não apenas de experiências boas e divertidas, mas também daquelas que provoquem marcas e ajudem a desenvolver o caráter. Pois o trabalho e o reconhecimento engrandecem qualquer profissional.
A geração Y quer muito crescer. Precisamos deixar ela seguir seu caminho! E não somente deixar seguir o caminho, mas também oportunizar e não criar barreiras nos caminho para testar e/ou desmerecer os seus potenciais.
Recentemente comentei em blog que o que buscamos hoje são empresa que não somente nos vejam com mais um profissional diante de tantos outros, e sim como pessoas a se desenvolverem e crescerem e consequentemente impacterem no dia-a-dia, indiferentemente das nossas atividades ou obrigações. E eu acredito muito que essa vontade vem de uma era de colaboração e ajuda em rede. Empresas que saibam trabalhar e cooperar em rede, certamente serão a opção dos Ys.
Ótimo post, Ana Paula.
O que trava todo o avanço que você espera tem um nome claro: hipocrisia.
As corporações tornaram-se estruturas hipócritas, que falam uma coisa e praticam outra (bem diferente). Basta ver a declaração de valores das empresas e comparar com suas ações. É muito raro que coincidam, porque o objetivo primordial é o LUCRO. Não importam os meios.
Ontem tive uma aula no MBA da FGV onde o professor “ensinou” que os médicos devem priorizar quem tem plano de saúde melhor, porque isso maximiza o lucro. Sabe o pior? Pouquíssimas pessoas ficaram inconformadas, porque a maioria já está “adestrada” a colocar o lucro acima do elemento humano.
Isso vai levar muito tempo para mudar, porque o RH tem que ser revisto. Há pouco tempo, perguntei para o RH de uma grande multinacional, líder de mercado: “O que vocês estão fazendo para se preparar para receber a Geração Y”. Sabe a resposta? “Estamos contratando estagiários”. Ou seja, um piloto automático que já está ligado há 50 anos, e que ignora quaisquer sinais de mudanças no percurso. Porque as pessoas não querem PENSAR. Querem somente cumprir as regrinhas do jogo e levar seus bônus para casa. Miopia pura. Falta de noção que vivemos em sociedade. Egoísmo. Mediocridade.
Que venha um movimento, independente de bandeiras de gerações, para quebrar essa marcha dos Lemmings. Porque o precipício está chegando.