Falar de internet e redes sociais sem os seus riscos é como ver um único lado da moeda. Desde a popularização das redes sociais, muito se discute sobre o quanto nos expomos na internet. Ao entrarmos em rede social, ao colocarmos nossos dados pessoais em um perfil, quando compartilhamos a nossa localização através de aplicativos, estamos optando por divulgar informações. Ao optarmos por algo sempre estamos assumindo o risco, porém na internet os riscos são ignorados e muitas vezes desconhecidos. Dos crimes mais cometidos na internet, a sua maioria já existia antes da sua criação por Tim Berners-Lee e sua recente reinvenção por Mark Zuckerberg.
Fazendo uma comparação entre o mundo real e virtual, podemos lembrar do velho hábito de deixar a chave de casa no vasinho de flor e o péssimo hábito de usar a data de nascimento como senha de acesso a sites. Para estas duas situações bastaria uma tentativa para que o acesso indesejado estivesse livre. Porém ao utilizarmos o vasinho de planta para deixarmos a chave de casa estamos assumindo o risco de alguém encontra-lo ou estamos apenas ignorando o fato de que alguém pudesse encontrar esta chave. Seja no mundo real o virtual tudo é uma questão de optarmos ou não por assumir ou ignorar riscos.
Recentemente ao fazer uma palestra na universidade onde estudo, sobre o uso das redes sociais e como nos expomos nelas, recebi o relato de uma mãe que ponderava o uso do Facebook para os seus filhos. Para ela, os amigos dos filhos nas redes sociais devem ser amigos na vida real também, o virtual não basta. Segunda ela, para manter a segurança dos seus filhos, aqueles amigos no qual ela não conhecia, e que estavam nas redes sociais, eram convidados a irem a casa dela.
Quando crianças sempre ouvimos dos nossos familiares mais velhos “Não falem com estranhos”, para esta mãe vale a variação “digital” desta regra, não adicione estranhos a sua rede social.
Na transição da infância para adolescência o grande tabu familiar era falar sobre sexo, hoje é falar de redes sociais. Muitos pais não entendem os mecanismos e fluxos de conversação dos sites e tão pouco conhecem os perfis sociais dos filhos. No Brasil, 70% das crianças e adolescentes (de 9 a 16 anos) estão nas redes sociais, contudo somente 38% dos pais acompanham diariamente o perfil social dos seus filhos. Nesta era da sociedade digital, o futuro profissional de muitos jovens está sendo construído diariamente através dos seus perfis on-line. Por isto, não vale apenas cuidar dos estudos e da capacitação profissional, é necessário ensinar as crianças e os jovens a cuidar da sua imagem, reputação e exposição no mundo virtual.
Costumo falar, que existem diversos amigos que eu não os contrataria para emprego algum se somente os conhecessem por redes sociais. Cada pessoa utiliza a sua rede de uma forma que lhe cabe como sendo correta, porém hoje um perfil on-line deixou de ser um avatar, para se tornar a extensão (digital) do que somos. Não há mais distinção entre on-line e o off-line, é apenas uma questão de conexão entre estes dois mundo e como transitamos por ele mantendo a nossa identidade.
Ao entrar em uma comunidade, ou curtir uma página intitulada como “Odeio meus chefes” ou “Odeio Trabalhar”, corre-se o risco de um futuro recrutador descartar uma proposta ou vaga de emprego. Publicar quase que diariamente fotos de festas, baladas e bebidas certamente também é a melhor maneira de promover a sua capacidade profissional, exceto se você trabalha ou queira trabalhar em uma casa noturna. De qualquer forma, muitos empregados do futuro vão considerar mudar de “identidade” na internet para amenizar praticas ofensivas e outras “besteiras” que publicaram e compartilharam durante a sua e juventude.
Dentre as práticas infelizes entre os jovens mais conhecida é o bullying, que ao ser levado também para a internet, recebeu o nome de CyberBullying, no qual encontra nas redes sociais um ambiente propício à prática pela democratização de seu acesso, amplitude da dispersão da sua prática e quase inexistência de meios de controle preventivos de suas ocorrências pelos administradores e virtual inviabilização de mecanismos de reação e/ou defesa por parte da(s) vítima(s). Mas, o CyberBullying não é a única pratica criminosa/dolosa cometida na internet. Crimes de preconceito e pornografia infantil estão entre os principais crimes cometidos na internet.
Ignorar que coisas ruins acontecem no mundo virtual é como ignorar os cuidados que temos ao sair de casa. Os riscos estão presentes em inúmeras situações da nossa vida, assumi-los, evita-los ou ignora-los é uma decisão que cabe única e exclusivamente a cada um de nós. Na internet não diferente, existem inúmeros sites e guias no qual alertam como devemos nos proteger, agir e nos resguardar. Se você leu este post até aqui, dedique mais alguns minutos para analisar qual a imagem que o seus perfis online passam a respeito de você, leia um pouco mais sobre os riscos que seus filhos estão expostos e não deixe de falar a respeito do uso da internet com seus familiares, afinal, navegar é preciso, arriscar-se não!
- Safernet Brasil | Protegendo os direitos humanos na internet
- CGI.br – Comitê Gestor da Internet no Brasil
- Cert.br – Cartilha de Segurança para a Internet – Navegar é preciso, arriscar-se não!
- Movimento – Familía Mais Segura
- Windows – Microsoft Mantenha sua família mais segura
Ana Paula de Almeida