Controlar o que é armazenado nas empresas, os softwares que são instalados, os sites que serão acessados e as fontes utilizadas para materiais gráficos, é uma prática muito comum nas organizações. Mas será que controlar tudo isso é uma responsabilidade somente da TI?
A tempos ouvi uma expressão, durante uma palestra da Patricia Peck Pinheiros, no qual ela descreveu muito bem os tipos de usuários que temos nas organizações: Os usuários sem noção e os usuários mal intencionados.
O usuário sem noção é aquele que desconhece as regras, enquanto o usuário mal intencionado é aquele que, mesmo conhecendo as regras e os limites de uma organização, age de maldosamente e conscientemente diante de uma determinada situação.
Mas e quanto a pirataria, o que realmente temos nas nossas empresas, usuário sem noção ou mal intencionados?
A internet é vista por muitos com uma fonte de replicação e distribuição de conteúdos, onde praticamente todas as formas de comunicação e informação, foram adaptadas a elas. Mas há um ponto que não foi adaptado ou culturalmente instigado… Você deve pagar por aquilo que usa.
Para quem gerencia os ativos de software em organização no qual restringe a instalação de softwares pelos usuários, certamente já ouviu pedidos de instalação de softwares licenciados, porém o usuário apresenta o software como free. Porém ao investigar a fonte de consulta do software, geralmente apontará para um site de compartilhamento de conteúdo pirata. Segundo dados da INFO de março de 2012, 500 milhões de usuário acessam sites de armazenamentos de conteúdos, 91% do conteúdo é pirata.
Ao passo que as empresas cada vez mais controlam os seus ambientes, os usuários vem de casa com a cultura da pirataria intrínseca nas suas atividades. Muito discutimos sobre políticas,auditorias, regras e boas práticas dentro da organizações, o foco: Segurança da informação, legalidade dos ambientes e o cuidado para não usar aquilo que não detemos os direitos. Porém por mais que as empresas e organizações se cerquem de barreiras, inevitavelmente alguém sempre tentará rompe-la.
O ponto é que a muito tempo questões como acessos indevidos, armazenamentos de conteúdos impróprios não é mais um assunto somente de TI e sim de toda a organização. O usuário deve conhecer os riscos que ele trás a empresa ao praticar atos de pirataria, porém na maioria dos casos ele é um sem noção.
Trabalhar a cultura de um usuário, compartilhando a responsabilidade que ela tem enquanto integrante de uma organização, gera muito mais resultados do que apenas proibi-lo de uma de uma atividade. Porém a cultura anti-pirataria deveria vir de casa.
Chegamos a um ponto que as organizações precisam ensinar o que é certo e o que errado no uso da internet ou estamos percebendo de fato que a internet não é uma ferramenta corporativa. E não sendo uma ferramenta corporativa, estamos cercando nossas organizações de barreiras para deixa-la o mais corretamente acessível.
Em setembro, o Álvaro Rezende publicou um pequeno post intitulado O Google não é corporativo. Desde então ampliei a reflexão e venho me questionando se a internet é corporativa.
Claramente a minha resposta sobre esta reflexão é muito simples, a internet não é nada corporativa e tampouco exige das pessoas que elas se comportem como se estivessem em um ambiente corporativo. Com isto temos uma legião de usuários sem noção, que não veem mais a diferença entre um download legalizado de um pirata, que cada vez mais usam serviços, redes e mídias sociais sem se quer ler os termos e políticas , que identificam sites de conteúdo pirata como sendo fontes legais de software e estão trabalhando dentro das nossas organizações.
Bem ou mal a internet vem mudando a forma como trabalhamos, para quem trabalha gerindo ambiantes de TI as mudanças são exponenciais. Não nos preocupamos somente o que controlamos, hoje nos preocupamos com os comportamentos daqueles que usam os recursos que controlamos e disponibilizamos. Mas antes de existir uma TI nas organizações gerenciando e controlando as pessoas, antes de haver a internet , antes de tudo estar disponível a clique no botão ‘download’ as pessoas deveriam saber o que é correto ou não na internet, e não deveriam fechar os olhos para isto, pois pirataria é crime!
Não posso falar que nunca baixei um mp3, um software na versão trial que ficou anos no meu pc ou tampouco deixei de fazer um download de um filme em casa, mas a cada conversa que tenho sobre pirataria, ao ler sobre os tipos de crime que praticamos de forma quase imperceptível, tenho percebido o quão afundados estamos em uma cultura muito errada.
Penso que os setores de TI nas organizações, e para aquelas que ainda possuem o setor de segurança, não tem mais um papel somente técnico de blindar um ambiente, mas devem ter também o papel quase que social de ensinar o que é certo e errado no uso da internet. Para que pelo menos em nossas empresas não tenhamos uma legião de sem noções.