Ler, Pensar e Escrever na Era Digital


“Ler e escrever na era digital” assim estava estampado na capa da Veja de 19 de Dezembro de 2012. Ao ler o título lembrei da época da escola, onde a minha professora de português para exercitar a nossa capacidade de entender, interpretar e resenhar um texto, sempre passava artigos da Veja para lermos. Na época, eu não era muito fã desta atividade e tão pouco me saia bem (interpretar textos e responder aos questionamentos sobre o que o personagem principal esta pensando, nunca fora o meu forte, desde a escola primária). Contudo, hoje sinto-me privilegiada por ter passado horas e horas em cima de um  mesmo texto, por ter aprendido a ler, compreender e questionar um artigo.

Desde as minhas aulas de interpretação de artigos da Veja até hoje, muitos hábitos de leitura foram modificados. Os livros passaram a ser lidos através do computador, os artigos antes somente encontrados nas revistas passaram a ser publicados nos blogs dos seus autores, e hoje não esperamos mais, por uma semana, para encontrar uma reportagem completa, simplesmente entramos nos sites de notícias e aguardamos os posts.

Porém, a tempos venho pensando sobre essa evolução no modo com que consumimos os textos e informações. Se antigamente aguardávamos uma semana para ler uma boa reportagem em uma revista, hoje bastam 3 parágrafos para termos uma notícia publicada. De certa forma, penso que estamos vivendo a era da instantaneidade, onde o mais importante é a velocidade da publicação e não mais a qualidade e a riqueza do conteúdo. Outro ponto que fortemente observo é a tendencia de apenas copiarmos e replicarmos o que lemos, e não mais questionarmos se aquilo que lemos de fato é o que acreditamos ou discordamos. Nos habituamos ao ctrl+c e ctrl+v e nos esquecemos da nossa opinião.

Na reportagem “A revolução do pós-papel” no qual faz referência a chamada da capa da Veja, André Petry destaca: A escrita, qualquer escrita, floresce no mundo digital, mas a leitura, a boa leitura murcha. 

Em resumo, temos uma sequencia de acontecimentos cotidianos que estão nos levando para um caminho sem volta. Geramos informações, mas não geramos conteúdos. Geramos textos e textos mas não geramos conhecimento. Florescemos como autores em nossos blogs, nossas redes sociais, mas facilmente sucumbimos, diante dos conteúdos instantâneos e de todas as distrações que encontramos junto a ele. Caminhamos para a uma era de replicação de conteúdo.

É fundamental que as novas gerações educadas no digital sejam capazes de ler bem, ler para imaginar, ler para refletir e para pensar com seus próprios pensamentos. Mas além dos seus pensamentos, esperamos que as novas gerações sejam capazes de produzir novos conteúdos a partir das suas conclusões e não através do método ctrl+c e crtl+v.

Lembrar das minhas aulas de português, comprar uma Veja, fazer uma resenha e ainda refletir sobre a sua evolução da leitura (do papel para dispositivos eletrônicos) me fez pensar que o mais importante é o conteúdo e o que fazemos com ele. Não importa a maneira como lemos um texto, seja no papel ou no tablet. O que importa é qualidade deste texto e o quanto conseguimos absorver, questionar e analisar. Um exemplo disto, é a própria Veja no qual referencio neste post e que comprei na banca, mas também está disponível online no acervo digital da revista.  Indiferentemente do modo como tive acesso a reportagem, o que ficará será a reflexão e o quanto me questionei e absorvi sobre o que li ao longo das 9 páginas que compunha a matéria.

Se o mais importante é a jornada e não o destino, no final desta revolução digital na leitura e na produção de conteúdos on-line, precisaremos manter nas novas gerações não somente o hábito da leitura, mas também desenvolver nelas o hábito de criticar e analisar o que leem. Desta forma, ao longo da jornada e do desenvolvimento de cada indivíduo, ele poderá gerar e compartilhar conhecimento e não somente informações, no qual replicou ao longo de sua navegação por um buscador na internet.

Saber ler e escrever, a muitos anos não é mais um diferencial, porém ler e escrever bem certamente será um diferencial e um seletor natural entre as pessoas que apenas replicam o que leem daquelas que realmente possuem uma opinião.

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